CHORA RAQUEL

Mãe, oh mãezinha!
Como eu quereria estar hoje em dia,
Com a mesma alegria que um dia me deu.

Com sua euforia,
De ver-me um dia,
Sendo transportada para aos seios seus.

Mas agora não vejo;
Seu rosto seu beijo;
Que grande desejo eu tenho então.

De estar ao seu lado, com o rosto colado,
Ao seu rosto molhado,
De tanta emoção.

Olhar, já não posso,
Nosso céu, nosso lar,
Nossa vida depressa passou a mudar.

Minhas vistas furadas,
Que castigo ferrenho!
É somente o que tenho pra te enxergar.

Contemplar já não posso,
Mas posso te ouvir,
Chorar já não posso, mas posso sorrir.

Meu corpo violado, quem não choraria?
Mas me acalmaria,
Se a pudesse ouvir.

Sua voz, meu alento,
Já não tenho argumento,
Pra neste momento eu sobreviver,

Mas tu és minha mãe, que linda amiga!
Mas algo me intriga,
Não posso te ouvir.

Ao deitar, me acalmava,
Com cantigas ninava, sua voz colocava,
Sua filhinha a dormir.

E o sono está perto, em meio ao deserto,
Só queria o aperto,
Dos seus braços em mim.

Mamãe, já estou indo, ao descanso da vida,
Sua filha e amiga,
Quer se despedir.

Não chores, não temas,
Este grande problema, que te dilacera,
Não vai existir

Estou indo embora, 
E no seio da Glória, com o Pai inda agora,
Eu vou residir.


Cesar Augustus Pereira de Paula
Sorocaba, out 2015


Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não quer ser consolada, porque já não existem. Mateus 2:18

Homenagem às crianças que estão sendo sacrificadas cruelmente por motivos torpes e banais, por professarem sua fé, ou por tantos outros motivos que as acometem de sofrimentos inimagináveis apenas por serem crianças.

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